Kaharina, mãe de Emmerich

Sempre se soube, pelos documentos brasileiros de meu avô, ou pelos relatos de minha avó Linda, que a mãe de Emmerich chamava-se Catarina; mas a pesquisa nos registros austríacos revelou seu nome completo: Franziska Katharina Flatschart, ∞ Lechner.

Katharina (vamos chamá-la assim), filha de Josef Lechner (1860) e Josefa Anna Lechner ∞ Futschik nasceu no dia 9 de janeiro de 1882 na cidade de Gloggnitz, distrito de Neunkirchen. Seu sobrenome de solteira, Lechner, é de origem judia e bastante comum na Baixa Áustria.

Katharina e Heinrich Flatschart (1880-1918) casaram-se no dia 15 de outubro de 1905 em Hainfeld, distrito de Lilienfeld. Deste casamento nasceram:

Heinrich Flatschart (1905 -?),
Emmerich Flatschart (1906 – 1952)
● Uma menina não batizada, provavelmente natimorta, em 1908
Anna Flatschart (1909 -1990)
Franz Flatschart (1910 – 1973)
Hermine Flatschart (1912 -1953)

Como minha avó sempre contava, Katharina casou-se novamente após a morte de seu marido Heinrich na Primeira Guerra Mundial. Emmerich, meu avô, nunca teria aceitado o padrasto.

Em uma caixa de fotos antigas, que milagrosamente (gosto de enfatizar este termo) foi preservada, encontrei uma fotografia datada de 1949 em cujo verso estava anotada com a inconfundível caligrafia de minha avó Linda:

“Ein Andenken von meiner lieben Schwiegermutter”
“Uma recordação da minha querida sogra”

Franziska Katharina Flatschart, foto de 1949, frente.
Franziska Katharina Flatschart, foto de 1949, verso.

Não é possível afirmar com certeza de que esta foto foi tirada em 1949, mas se realmente foi então minha bisavó Katharina estava na época com 67 anos.

A pequena Christina

No dia de 9 de maio de 1645 na Paróquia de Wilhelmsburg, distrito de St. Pölten, era batizada a menina Christina Flatschart . Além de ser o registro mais antigo que encontrei do nome Flatschart é possível identificar várias peculiaridades em sua certidão de batismo:

● Nessa época as certidões eram escritas em latim misturado com alemão.
● Christina era filha de Hanß Flatschar(d)t e Rosina _____, o espaço para o sobrenome da mãe está vazio, talvez fosse desconhecido ou talvez seria preenchido depois, o que nunca aconteceu.
● Até 1700 encontrei o nome grafado algumas vezes como Flatschard e outras como Flatschart, mas aparentemente após esta época a primeira versão caiu em desuso.
● A criança foi batizada como “Infans Illegitime”, ou seja, “filha ilegítima”, pois os pais não eram casados.
● Na profissão do pai, Hanß, provavelmente se lê algo como “Einjunggers”, que em português poderia ser traduzido como “um jovenzinho”, portanto sem profissão definida ainda.
● A madrinha (padrina) se chamava Hätwig e era empregada, enfermeira, cuidadora, não é possível saber ao certo, pois o termo “Oberin” permite muitas interpretações.

Registro do batismo de Christina Flatschart, em 9 de maio de 1645

Novamente um agradecimento especial aos amigos da comunidade Alte deutsche Handschriften – Lesehilfe que me ajudaram a decifrar a escrita do documento original.

Vila Prudente, Rua Vinte

A família de Linda Flatschart já estava instalada na Região de Vila Prudente desde os anos 1930, tinham uma chácara onde hoje é a Vila Ema, próximo à rua Solidônio Leite. Provavelmente em 1941, Emmerich, Linda e os filhos se mudaram para Vila Prudente onde Emmerich foi contratado para trabalhar como mestre na empresa H. Klein & Cia. LTDA, uma fabricante de escovas de aço.

A história da Vila Prudente começou no início do século 16 com a doação de uma sesmaria a João Ramalho, para que ele a povoasse. Depois de três séculos, em 1829, o negociante João Pedroso adquiriu lotes e formou na área sítios de recreio, nos quais criava gado e plantava árvores frutíferas. A fundação oficial de Vila Prudente ocorreu em 4 de outubro de 1890. Foi neste ano que os imigrantes italianos Irmãos Falchi, (Emídio, Panfílio e Bernardino Falchi), com auxílio do financista Serafim Corso, compraram a gleba de terra de Martinha Maria, viúva de Antônio Pedroso e instalaram a primeira indústria da região, a Fábrica de Chocolates Falchi. O nome do bairro vem da admiração que os irmãos Falchi, proprietários na época da fundação, tinham pelo então presidente da República Prudente de Morais, que havia sido o primeiro governador do Estado de São Paulo após a proclamação da República.

Entre 1941 e 1945 a família morou na Rua Drafreé (atualmente Maria Daffré) nº 7 e em 1945 Emmerich compra a casa nº 259 da Rua Vinte, conforme a escritura de 17 de fevereiro de 1945 registrada no 20º tabelionato da cidade de São Paulo.