Provavelmente em 1940 ou 1941, Emmerich, Linda e o filhos se mudaram para Vila Prudente onde Emmerich foi contratado para trabalhar como mestre na empresa H. Klein & Cia. LTDA, uma fabricante de escovas de aço localizada na Rua Maria Daffré nº 1A no Bairro de Vila Prudente em São Paulo. Em sua carteira de profissional aparece a contratação em 01 de abril de 1940 e a saída em 31 de janeiro de 1941.
A partir de 1942 Emmerich monta seu próprio negócio, a E. Flatschart & Cia., registrada na JUCESP (Junta Comercial do Estado de São Paulo) sob o número 35500229367 e apesar do objeto da empresa aparecer como “Comércio varejista de material de construção (cal, cimento, areia, pedras, artigos de cerâmica, de plástico, de borracha, sanitários, etc.) ” sabemos que já era uma pequena fábrica de escovas de aço.
Entre alguns papéis remanescentes desta época, temos o envelope de pagamento onde aparece o nome completo da empresa e o endereço Rua Maria Daffré nº 1, o mesmo local da empresa H. Klein & Cia. LTDA, talvez Emmerich a tenha comprado ou usasse as mesmas instalações de seu antigo empregador.
Nesta época, seu cunhado Paul Schmidt, irmão caçula de Linda era seu sócio. Paul, Tio Paulo como sempre o chamávamos, continuou nesse ramo até meados dos anos 1990, época na qual o seu produto carro chefe era um tipo de “Vassoura Mágica” toda metálica.
Devido à dificuldade de importação de produtos e de matéria prima em geral da Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a empresa de Emmerich desenvolveu produtos que atendiam não só o mercado brasileiro, mas também outros países, escovas de aço, agulhas e utensílios de arame que eram exportados através Porto de Santos.
Em 1946 já temos a fábrica na Rua Vinte nº 296, em frente à casa da família, como mostrado a seguir no envelope de pagamento no cartão de visitas.
Neste novo endereço a empresa aparece registrada na JUCESP (Junta Comercial do Estado de São Paulo) a partir de 14/06/1946 sob o número 35105293341 e tendo como objeto “Fabr. de artefatos de trefilados de ferro, aço e metais não-ferrosos (correntes, cabo aço, molas, pregos, tachas, arames, tecidos, telas, arame, etc.) – exclusive prod. padron. e obtidos em tornos autom. (cod.11.42)”.
A ata de criação da nova empresa foi publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo do dia 18 de maio de 1948.
Minha avó Linda relatava várias histórias das brigas dela com Klee, por exemplo quando ele falou para ela que mulher não tinha que se meter na administração).
Outro fato pitoresco (e macabro) é a história que pelo fato de Klee ser muito alto ele mesmo fazia a piada de quando morresse teria que cortar as pernas para caber no caixão. Segundo minha avó devido a um problema de saúde (provavelmente diabetes) ele teve as duas pernas amputadas!
Segundo meu irmão Alexandre, Linda contava que devido à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) “não podia vir mais nada (importações) de Santos” e graças a criatividade de Emmerich, a empresa substituiu os rolos de arame pelo metal das agulhas usadas que eram descartadas das máquinas das tecelagens família Jafet no Ipiranga. Emmerich então projetou e construiu um dispositivo para cortar as agulhas no tamanho exato para a fabricação das escovas.
Após a morte de meu avô em 1952, Linda ainda a empresa ainda continuou na empresa conforme aparece no formal de partilha de Emmerich Flatschart datado de 1953.
Antes da morte de Linda este documento era o verdadeiro “Santo Graal” da família, todos sabiam que ele existia, mas ninguém, exceto meu pai, tinha acesso a ele!
Em 1954, Linda Flatschart retira-se da sociedade resgatando o valor de CR$ 257.814, 60 a que tinha direito como viúva meeira, conforme publicado no Diário Oficial de 08 de junho de 1954.
Também em 1954 Paulo Schmidt renúncia ao cargo de Diretor Técnico da Ouriço conforme publicado no Diário Oficial de 31 de dezembro de 1954 .
Ainda temos guardado um livro Caixa de 1947/1948 da E.Flatschart Escovas de Aço LTDA, uma relíquia!