– Flatschart…
– Como ?
– Melhor eu soletrar :
– F . L . A . T . S . C . H . A . R .T
Não lembro exatamente da primeira vez que tive que soletrar meu nome, mas certamente todo Flatschart aqui no Brasil desde o primeiro ano de escola passou e ainda passa quase que diariamente por essa experiência.
– Que nome difícil !
– Que nome esquisito !
– É alemão ?
Depois de soletrar o sobrenome, essas eram as frases mais ouvidas ! Quando o interlocutor era simpático, até falava que era o nome do meu avô, da Áustria, mas geralmente a conversa acabava por aí.
Quando criança tinha uma sensação perturbadora de que só existiam treze Flatschart no mundo: Minha avó, meus pais e meus irmãos, meus tios e meus primos. Nas listas telefônicas do início dos anos 1990 em São Paulo, éramos uns três ou quatro.
Contar essa história é resgatar um passado que até agora estava oculto em álbuns de fotografias antigos, em papéis amarelados semi rasgados e em certidões de nascimento manuscritas empoeiradas nas sacristias das paróquias da Baixa Áustria !
Contar essa história é tentar entender como e porque um garoto austríaco de dezenove anos viaja sozinho para o Rio de Janeiro em 1925 !
Contar essa história é regatar para a terceira geração de Flatschart nascidos no Brasil a origem e o legado do seu nome !